Capítulo 209 Era cada um mais fofinho e sonolento que o outro, os olhinhos ainda pesados de sono, uma verdadeira overdose
de fofura. Olivis abraçou Iria, aquele pacotinho gordinho e macio, e plantou um beijo bem estalado na bochechinha
rechonchuda dela. Em seguida, distribuiu carinho entre Inês, Joel e Heitor. Depois de cobrir cada um deles com beijos, Olivia
sentiu–se ofegante, quase tonta com tanto amor. Por entre suas narinas e até o fundo da alma, só o que sentia era aquele
cheirinho de leite, doce demais. “Mãe, eu quero leite.” A vozinha melosa de Iria soou no ar. Já com quatro aninhos, os pequenos
ainda complementavam suas refeições sólidas com leite em pó. E Iria, então, era a mais chegada num copão de leite. Heitor e
Joel já estavam quase largando o leite, só de vez em quando que caíam na tentação de beber um copo, mas no dia a dia
preferiam mesmo era um prato de comida. Inês e Iria precisavam da sua dose diária de leite pela manhã para saciarem o
desejo. “Claro, mamãe vai preparar agora mesmo.” Ágil, Olivia levantou–se. Escolheu as roupas dos pequenos e as entregou
para que se vestissem por conta própria. Ela saiu pela porta para preparar o leite. Teresa já estava de pé antes dela, ocupada
com o café da manhã. “Que delícia, mãe, o que tá preparando?” Olivia se aproximou, 1/3 15:56 inspirando o aroma. Vendo a
filha com água na boca, Teresa sorriu, repreendendo–a com carinho: “É um creme de ovos pros pequenos, e pra você,
macarrão com ovo.” “Ah, eu amo macarrão, obrigada, mãe.” Olivia sorriu docemente. “Essa menina...” Teresa balançou a
cabeça, rindo. Com o leite pronto, Olivia voltou pro quarto e encontrou os quatro pimpolhos já de pé, vestidos. Começou a
distribuir os copos de leite: “Da Inês, da Iria, do Joel, do Heitor.” Heitor virou o rosto, com uma expressão de poucos amigos:
“Não quero, leite é coisa de criança, e eu não sou mais criança.” Olivia não conseguiu conter o riso diante daquela atitude de
gente grande: “Tá bom, tá bom, você é um adulto, não é mais criança. Então posso beber o seu leite?” “Hum, pode dar pra
mamãe.” Heitor concordou e saiu do quarto, já não tão fã de leite, mas sim de uma boa refeição. Para não desperdiçar, Olivia
acabou bebendo o leite que Heitor recusou. Enquanto a família se sentava à mesa para comer, alguém bateu à porta. Olivia foi
atender e se surpreendeu ao ver Jimena ali, tão cedo. “Jimena, o que faz aqui a essa hora?” “Olivia, tá um bafafá dos grandes.”
Jimena entrou apressada, com uma cara de quem trazia notícias ruins. Aquilo deixou Olivia com o coração na mão. Ela pediu
para Jimena sentar–se à mesa e serviu–lhe um copo de água 2/3 15:56 moma Teresa foi até a cozinha e serviu um prato de
macarrão para a visitante. Depois de tomar um gole d’água, Jimena pareceu recuperar o fôlego e começou: “Ontem à noite, o
Bruno me ligou, disse que os preus do carro do chefe dele foram furados por umas crianças, e agora querem que paguem o
prejuízo.” Heitor e Joel trocaram olhares culpados. Olivia estava atônita: “Como assim? Por que ele ligou pra você?” Joel baixou
a cabeça, com uma vozinha frágil: “Desculpa, mãe. Ontern, quando fui pegar a bola, deixei cair sem querer a agulha da bomba
de encher no chão e acabou furando um pneu. Eu ia pegar, mas...” Heitor interveio rapidamente: “Mãe, não é culpa do
maninho. Se eu não quisesse jogar basquete, a gente nem teria levado a bomba.” Jimena olhou para os dois, não havia dúvidas
de que eram os responsáveis, Bruno estava certo. Olivia entendeu o que tinha acontecido. Com certeza, depois que Daniel a
deixou em casa, passando pelo parquinho, os pneus do carro dele devem ter sido furados. Heitor era quem mais se parecia
com Daniel, Sería que Daniel tinha visto ele? E se tivesse visto, começaria a suspeitar?