Capítulo 533
“Iria queria um sorvete.” Ela fungou o nariz.
“Claro.” Daniel concordou.
“Ótimo!” Iria se animou.
“E a irmãzinha Inês, o que gosta?” Após uma pausa sem choro, Daniel começou a explorar os interesses de cada criança.
Uma vez que se conhece os gostos, tudo fica mais fácil.
“Inês gosta de antiguidades.” Iria levantou a mãozinha rechonchuda e enxugou as lágrimas do
rosto.
Daniel olhou para Inês, que ainda choramingava, e disse: “Temos um armazém de antiguidades aqui atrás, com várias peças de
porcelana antiga. Pode escolher o que quiser.”
Inês rapidamente esqueceu de chorar e seus olhinhos infantis brilharam, úmidos de lágrimas.
Daniel então perguntou a Iria: “E o irmão Joel, o que ele gosta?”
“Ah, ele gosta da mamãe...”
“Além da mamãe.”
“Gosta de conversar.” Iria sabia que Joel era o mais ativo, abordava qualquer um para conversar sem parar e até podia fazer
alguém chorar com tanta conversa.
Que tipo de gosto era esse?
Daniel ficou confuso, mas rapidamente pensou numa solução e disse a Joel: “Se parar de chorar, eu arranjo dez pessoas pra
você conversar.
“Eu não quero dez pessoas, eu só quero minha mãe.” Joel chorava com tanto vigor que seu corpo todo tremia.
Daniel respirou fundo e perguntou novamente a Iria, agora sobre Heitor.
Iria disse: “Um tablet.”
Um tablet?
Daniel lembrou–se do tablet que encontrara na casa alugada na Comunidade Lejá, aquele que foi usado para desviar um bilhão
do Grupo Griera.
Seu olhar tornou–se profundo e desconfiado ao encarar Heitor: “O que você gosta de fazer com o tablet?”
“Jogar!” Heitor respondeu bufando, claramente emburrado.
Daniel relaxou o olhar, é claro, o que mais um garoto de quatro anos faria, senão jogar? Ele não seria um hacker.
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Capitulo 533
Quanto àquele bilhão, quem teria hackeado o Grupo Griera por Olivia, ele iria descobrir.
“Vou te comprar um tablet, e você joga o que quiser,” Daniel ofereceu a tentação.
Conhecendo as necessidades deles, tudo se resolvería.
“Ah, eu não quero!” Heitor resmungou com desdém e, virando–se, deixou o quarto com passos pequenos e decididos.
Daniel não o seguiu, deixou que ele fosse. O importante era que não chorasse na sua frente.
Daniel se levantou e ordenou a Fábio: “Cuide para que tomem café da manhã, e depois leve–os ao melhor jardim de infância.”
Ao lado da mesa, apenas Iría, Inés e Joel estavam sentados. Heitor ainda estava zangado, trancado no quarto, recusando–se a
saír.
Ele pretendia sair sozinho para procurar a mãe, mas foi barrado pelos seguranças na porta. Heitor sempre teve suas próprias
ideias e um temperamento forte e austero. Não era de fazer concessões facilmente.
Daniel decidiu deixar os três outros comerem e não se preocupar com Heitor por enquanto.
Os outros trés continuavam sentados, olhando uns para os outros.
Daniel levou a mão à testa, sentindo uma dor de cabeça se formar.
Olivia, por outro lado, remexia–se inquieta desde as nove da manhã e ainda não tinha conseguido dormir.
Decidida, ela se levantou, trocou de roupa, fez sua higiene matinal e partiu para a Villa Serenidade.
As poucas horas sem os filhos pareciam séculos de tão longas.
Ela não podia mais esperar, precisava ver as crianças.
Eles tinham um relógio biológico muito preciso, acordando todos os dias às oito.
Ela se perguntava como estaríam se adaptando na Villa Serenidade e se sentiam saudades dela.